domingo, 17 de janeiro de 2016

Entre nós, os economistas

O velho e lúcido Marx tratava os economistas como "eles". Em passagens mais ácidas afirmou que os economistas eram mesmo os "lacaios do capital". Estava coberto de razão, obviamente.

Recordei o alerta feito no século XIX hoje, ao ler Delfim Neto, na Carta Capital: "Desejo prestar uma homenagem ao bem-apetrechado economista Joaquim Levy. Por motivos internos do governo e pela falta de apoio de sua base parlamentar, ele não pôde levar a cabo o bom programa de devolver o Brasil aos trilhos do desenvolvimento econômico e social. E aproveito para desejar ao seu substituto, tão bem preparado quanto ele, Nelson Barbosa, que encontre um ambiente interno mais amigável e externo politicamente mais pacificado, para que sua ação possa ser frutuosa"

Delfim é tratado como sujeito culto pela mídia. A única evidência em favor da propaganda é a exibição de uma puta biblioteca que qualquer um de nós com duas moléculas de honestidade invejaria. Serviu a ditadura, onde foi ministro de quase tudo. Apoiou FHC com o qual dividiu a mesa muitas vezes. Depois, não vacilou em aceitar o convite de conselheiro de Lula por mais 8 anos. Apoiou Dilma, sem inibição. Estava com Levy desde o primeiro dia com a mesma "lucidez" e "convicção" com a qual, agora, está com Barbosa.

Há, de fato, algo admirável no rapaz: ele nunca perde a linha, razão pela qual tem plena consciência que os interesses permanentes dos capitalistas sempre serão mais importantes que os passageiros. Em consequência, entre os interesses permanentes da burguesia e os governos passageiros, ele sempre fica com os dois.


Um comentário:

  1. Engraçado como esse passado ligado à ditadura muitas vezes é esquecido ou tolerado como algo banal, que coloca Delfim Netto como uma eminência acima do bem e do mal.
    O que me admira é que setores progressistas tenham essa postura com relação a ele, que parece carregar uma espécie de DNA peemedebista inata na veia.

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